Um espaço imenso
Procurar as palavras
Uma sensação
Uma pequena coisa minúscula
Pensar a todos esses dias
E a este
Inevitavelmente
Pensar aos que partiram
Repetir desculpa
E tentar outra vez
Ficar serena frente à evidência
Sentir o tempo que persegue
As mãos... Estão velhas
Entrar numa livraria
Olhar para os livros
Tantos nomes imóveis
Pensar nas tuas mãos, fortes
Sorrir com as memórias
E inevitavelmente fechar a porta
Seguir a multidão
Essa corrente imensa que avança
O nariz enfiado nos ecrãs
E olhar para ela
Ela que me surpreende
Deitada nas escadas cinzentas
Esquecida pela multidão
Tem um vestido preto
E um olhar bonito
Uma vida antiga que acaba
Sozinha, deitada no frio das escadas
Olho para ela
Olha para mim
Esboço um sorriso que ela não quer
A multidão aperta
Tentar escrever mais alegria
Afastar o inevitável
E correr
Ligeira
Até amanhã