segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Às vezes sinto-me a margem deste mundo. Como um pedaço de terra levado pelos ventos contrários, um navio cuja âncora está longe do porto, para não perceber os contornos de uma solidão serena.
De vez em quando isolo-me para me proteger.
E todos os dias pergunto-me e se?
E depois é uma vida entre dois mundos. O coração acelera, o espírito aquece e o corpo inteiro morre de desejo.
Os sentimentos caóticos voltam cheios de força e é preciso encontrar o caminho, calar o que faz tremer e guardar o que faz vibrar.
Pergunto-me tantas vezes como ainda estamos aqui, depois da distância, dos tremores de terra e da queda regular da minha força.

Peço tantas vezes para não ter que contar a espera dos dias.
Às vezes não sei para onde vou nem o que quero, sabendo que o meu maior sonho não é uma solução viável.

Mas depois olho para aqueles olhos e apesar das dúvidas, do medo e do desgosto,  sei a alegria fugaz de pequenos momentos.
E então as minhas escolhas doem um bocado menos. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2022


Sem limites e sem filtros. Quase vinte anos de nós, cheios de altos e baixos. 

Com separações, chegadas e partidas. Parece tudo tão simples e quase nunca o é.

Falamos das nossas esperanças, das partículas de tristeza e do pó das estrelas que nos consome.

Nada escapa às confidências quando as lágrimas escorrem e se rasgam as palavras em mil pedaços.

Dissemos as pequenas mentiras que nos fazem ficar apesar do coração magoado.

Dissemos tudo, como as amigas que sempre fomos. 


quarta-feira, 24 de agosto de 2022

 Amar sem filtros. 

Talvez demais.

Procurar o amor dos outros nos meus gestos e nas minhas conquistas.

Um amor que acalma e que traz paz. 

Nunca encontrei essa paz.

Eu, com a minha necessidade de reconhecimento e do outro lado a incapacidade de me dar o que preciso.

Perceber esta realidade abriu uma falha. 

Uma falha que tento aceitar. É todo um caminho. 

Vivo numa onda de tensão palpável e de tomadas de consciência anestesiantes.

Não tenho sempre as palavras para dizer o que sinto ou perceber os meus medos.

 Mas sei o que desapareceu. E Sei os meus demónios. 

terça-feira, 23 de agosto de 2022


in·ti·mi·da·de
(íntimo + -idade)

nome feminino

1. Qualidade do que é íntimo, essencial.

2. Relações íntimas.

domingo, 21 de agosto de 2022

 Sempre que a minha cabeça começa a divagar, faço listas.

Vantagens e desvantagens. 

Defeitos e qualidades. 

Olho para as palavras escritas para não esquecer.

E tudo fica mais fácil.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Não sei o que dói mais.

Perceber o que sempre soube ou ver a felicidade onde sempre desejei que ela não estivesse. 


terça-feira, 9 de agosto de 2022

É sempre uma questão de espaço.

E talvez um rio.
Mas há coisas que não mudam.
O meu coração procura a lua.

Sempre pensei que ela seguia os meus sonhos de criança.

Depois vieram as tempestades e o mundo.
O peso das quedas e o piano.

As sonatas que não aprendi.
E os prelúdios.

Sei as minhas ruas e os meus fantasmas.
E os meus amores. Talvez.