Às vezes sinto-me a margem deste mundo. Como um pedaço de terra levado pelos ventos contrários, um navio cuja âncora está longe do porto, para não perceber os contornos de uma solidão serena.
De vez em quando isolo-me para me proteger.
E todos os dias pergunto-me e se?
E depois é uma vida entre dois mundos. O coração acelera, o espírito aquece e o corpo inteiro morre de desejo.
Os sentimentos caóticos voltam cheios de força e é preciso encontrar o caminho, calar o que faz tremer e guardar o que faz vibrar.
Pergunto-me tantas vezes como ainda estamos aqui, depois da distância, dos tremores de terra e da queda regular da minha força.
Peço tantas vezes para não ter que contar a espera dos dias.
Às vezes não sei para onde vou nem o que quero, sabendo que o meu maior sonho não é uma solução viável.
Mas depois olho para aqueles olhos e apesar das dúvidas, do medo e do desgosto, sei a alegria fugaz de pequenos momentos.
E então as minhas escolhas doem um bocado menos.