quinta-feira, 27 de agosto de 2020

 O mais triste é a indiferença. Quando a ilusão existe, tudo faz sentido mas quando também ela nos abandona, tudo acaba dolorosamente . Avanço para trás, caindo mais um pouco dentro do sonho que queimou como um incêndio. 

Sento me na pedra mais alta e olho para o abismo.  E talvez seja o sonho que nos faça continuar, esfregando os olhos com uma areia demasiado corrosiva. É uma sensação estranha poder assistir ao nosso futuro. Descer até às raízes do tempo e ser a metáfora de nós próprios. 

Mas a verdade é que regressamos sempre das nossas ruínas, das nossas emoções excessivas, dos nossos sentimentos de vida e de eternidade, dos pensamentos confusos, das rotinas onde se misturam o ódio e o amor, da dor incompreensível e das nossas alegrias. 

Regressamos da nossa imaginação, do nosso cansaço, das nossas ilusões, de um sonho que era nosso, de um tempo que é e que já acabou. Regressamos de dentro de nós e esse mal não tem cura. 

terça-feira, 25 de agosto de 2020

 Sabes os olhos frios que avaliam e que te vêem a sangrar. Os mesmos olhos que já foram ternos. 

Sabes as.maos que seguram a faca junto ao coração. Essas mãos que ferviam na tua pele.

Acreditaste que era possível ser amada

Não há pior inimigo do que a esperança. E no fim, vão se sempre embora e todos os dias, mais uma vez, tudo acaba. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Acabei de ler este blog do início até ao fim. Novembro 2017. Sei que a minha presença aqui é igual a muitos momentos de tristeza . Escrevo quando sou infeliz e ausento me para correr atrás da felicidade 

Sempre o mesmo homem. Sempre o mesmo amor. Sempre o mesmo esforço.  

Sei que não pode haver só um culpado. Há sempre dois lados na mesma história. Mas também sei que este silêncio tem um significado. E mais uma vez o coração doi de tanto sangrar. 

terça-feira, 11 de agosto de 2020


As palavras tiveram sempre um forte impacto. Para mim, a escrita pode ser uma bóia de salvação. 
A vida ensinou-me a não ter medo de me afogar e a minha maior vitória é poder escrever em total liberdade nas ondas do mar. Até no meio das tempestades, as palavras podem salvar-nos do naufrágio. Basta escrever.
Anunciamos ao mundo os nossos defeitos e tudo o resto também. E é na beleza da escrita que descobrimos que não estamos sozinhos. Cada frase é o som de uma voz que fala. 
Nunca poderei parar de escrever. Oiço os sons das letras e o barulho do lápis no papel. Escreve-se no silêncio para não gritar. O som das palavras será sempre mais forte do que um grito desesperado.

sábado, 8 de agosto de 2020



Há uma tranquilidade estranha em casa. Levanto o nariz do livro e oiço o sino da capela. 
Passaram algumas semanas e ainda sinto um vazio quando não estás na minha vida. 
O teu silêncio prolongado deixa-me triste. Ausência involuntária? Cansaço? Preguiça? Distância imposta? 
Talvez seja uma fuga. Mas o comboio há-de partir sem ti. 
Sei que não vais dar notícias. Vais calar-te, como sempre e vou continuar descosida. 
Palavras frágeis. 
A distância que nos separa, distância desprovida da tua presença é para mim como um abismo. 
Sou apenas sombra. Caio. 
É um mau estar que não controlo. 
É uma sensação desagradável pintada de emoções que me fazem mal. 

Desculpa. Vou deixar-me levar pela voz da Alice. 



sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Tentamos esquecer a morte porque é mais confortável.
 É menos assustador. Mas hoje, enterra-se mais uma das minhas pessoas. 
Têm sido demasiadas ao longo dos anos. 
Todas levadas pelo maldito caranguejo.

Há um início e um fim.
A diferença, entre quem está doente e quem não está, encontra-se no conhecimento de que vai morrer.

E é por isso que não gosto da palavra fim. Não gosto de ausências. 
Assusta-me, irrita.me, dá-me raiva.
Talvez amanhã já tenha esquecido tudo e volte a olhar para as árvores e para o azul do céu.
Talvez volte a preocupar-me com  as nódoas negras nos joelhos por ter corrido demasiado depressa e caído demasiadas vezes. 
Mas não é grave. É mais um ciclo que termina.
É apenas a vida. 



quarta-feira, 5 de agosto de 2020



Quero o amor suave, as palavras doces, os sorrisos de madrugada, as horas azuis junto ao mar. 
Quero as mensagens sorrisos, a bondade, o respeito e o consentimento sussurrado.

E quero o fogo, a paixão que devora, as entranhas quentes da urgência, o sorriso nos lábios e os perfumes na pele, os corpos impacientes. 
Quero os gritos, o gozo barulhento, e o balanço dos rins.
Quero tudo e a absoluta liberdade.
Quero a poesia do dia, o sol quente e as horas cegas, sem janela para o mundo.
Quero tanto.
Mas quem tudo quer, tudo perde.