Tentamos esquecer a morte porque é mais confortável.
É menos assustador. Mas hoje, enterra-se mais uma das minhas pessoas.
Têm sido demasiadas ao longo dos anos.
Todas levadas pelo maldito caranguejo.
Há um início e um fim.
A diferença, entre quem está doente e quem não está, encontra-se no conhecimento de que vai morrer.
E é por isso que não gosto da palavra fim. Não gosto de ausências.
Assusta-me, irrita.me, dá-me raiva.
Talvez amanhã já tenha esquecido tudo e volte a olhar para as árvores e para o azul do céu.
Talvez volte a preocupar-me com as nódoas negras nos joelhos por ter corrido demasiado depressa e caído demasiadas vezes.
Mas não é grave. É mais um ciclo que termina.
É apenas a vida.