Os dias curtos, o sol baixo, as sombras grandes, as bochechas vermelhas e o vento gelado.
Dezembro sussurra a hora dos balanços que se fazem por uma questão de hábito. Há sempre oportunidade para refletir, para colocar na ordem o caos da travessia das horas, dos dias, dos meses e dos anos.
Escorrego para dentro de dezembro e deixo-me cair a caminho do inverno que chega. Dezembro à beira mar. É como fugir para a profundeza de um sofá confortável, quando escondemos os pés por baixo das pernas.
A luz do inverno desliza entre a onda e o sal e toca com cuidado o mar. O corpo agitado respira pela última vez antes do abismo do tempo. Os olhos agarram tudo o que podem e fecham-se sobre o coração que guarda um tesouro secreto cuja chave desapareceu, perdida no meio das lembranças geladas.