quinta-feira, 23 de julho de 2020



A caminho de casa oiço esta música e pela primeira vez "vejo" a letra. 
E é um murro no estômago ou a carapuça perfeita.
Porque no fim, não sobra nada de mim.

terça-feira, 21 de julho de 2020




Um corpo indiferente
O abismo colado à pele

A veia imóvel absorve o caos

Nos ecos da terra escura
a água procura a esperança

Sempre a mesma lama que avança

E o sonho que teima em não morrer

E o caminho para o fim
Como um recomeço

segunda-feira, 29 de junho de 2020



O vento era forte, dentro e fora.
O vento dentro, o barulho interminável durante o dia e de noite a ressaca. 
Gosto do mar cinzento, frio e o céu selvagem. 
A água rasgada que atropela tudo na esperança que cada coisa volte ao lugar certo.

Sou mulher de mar de inverno. 
As praias sacudidas pelo vento e os cabelos nos olhos.
Sou mulher de águas frias para sentir a vida. 
Uma mulher de céus estrelados, os pés descalços e o vestido molhado. 
E a água salgada. Por dentro e por fora.
Havia a areia que marcava as pernas e a cara. 
O vento furioso que apertava o peito, a maré baixa e a espuma branca e fria.


Havia o vento. Deixei-o levar-me, cansada de resistir. 

quinta-feira, 25 de junho de 2020







Às vezes sou uma mulher imprópria. Fico perto demais, insisto sem pudor e vivo a audácia. Enfio as minhas palavras nos teus silêncios, como um suspiro entre as costelas, um murmúrio junto aos rins, uma explosão no caminho obscuro da raiva. 

Procuro o sentido, o fio do desejo ou a falha iminente.