segunda-feira, 26 de outubro de 2020

De olhos fechados, saborear o silêncio da madrugada. 
A luz das manhãs de inverno traz sempre a lembrança das horas quentes. 
Os lençóis provocam a pele, como o sopro ligeiro de um amante. 
Abraço o meu corpo e espero que a vontade desapareça. 
Não quero ir já para dentro do mundo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

 Preencher o silêncio com:

- músicas que conheces de cor

- podcats diários

- as horas passadas ao telemóvel

- as conversas dos vizinhos

- os vídeos do youtube

- séries, filmes e afins

- a televisão que está ligada sem olhares para ela

- o barulho das canalizações, das portas, das gavetas

- o barulho da vida dentro e fora

- os atendedores automáticos dos que não atendem o telemóvel

- pessoas que contam a vida toda

- o barulho da máquina de lavar a loiça

- o peso do silêncio

quinta-feira, 8 de outubro de 2020



Há um tempo para tudo. Rir, chorar, perder ou plantar. 
Hoje vivo o tempo da coragem e da vulnerabilidade. 
O tempo do silêncio, das lágrimas, da espera e da esperança louca.
 Estou presa num desses momentos em que a vida nos faz enfrentar os nossos maiores medos, 
sussurrando baixinho: avança. 
Avança apesar de ter medo. Sabes que mereces apesar das falhas e das quedas.
E então há a coragem e às vezes sacrifícios. 
Escolher acreditar num amanhã ligeiro e simples.


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

O sexo é uma dança magnífica.
Desde os primeiros arrepios aos gemidos roucos, as peles contam histórias maravilhosas. O sopro das palavras sussurradas, os risos genuínos, o barulho de um beijo no ombro. E então os lençóis amarrotados, a roupa que escorrega, impaciente. E os dedos que deslizam no cabelo, os ossos que estalam. Depois a língua molhada, os lábios e o suspiro, esse som que sai da garganta mas que diz mais do que as palavras.
A boca nos mamilos, sucção, os dentes que mordem a carne. Os lábios na pele da barriga, veludo e cetim.  O sopro junto ao sexo esmagado, eco húmido. E ainda os corpos nus que procuram e agarram, provam e alimentam.
Depois a língua na boca e as ancas que se encontram, as mãos nas coxas e de repente o silêncio.
Um sussurro junto ao ouvido. Um grito.
E a música de novo.


ps: do regresso às origens