Há sempre um nevoeiro carregado de medo no fundo do meu corpo. Às vezes sobe até à garganta e quando abro a boca para falar não se ouve nada além do silêncio. Ando em equilíbrio na borda da felicidade e de vez em quando caio. A minha vida é uma série de momentos ligados uns aos outros mas sem continuidade. Faltam sequências e alguma coerência. Tudo está descosido. Tenho medo e quando caminho na rua vejo sombras em todos os cantos.
Dizem que sou inconsciente. Talvez seja verdade mas não lhe chamaria inconsciência. É mais um jogo com a vida. Talvez alguma indiferença, talvez alguma adrenalina ou talvez alguma confiança na vida e nos outros.
Tenho sempre medo e os meus olhos choraram mas quero continuar a olhar para o sol. Espero variações na curva da minha vida na esperança de poder ligar os pontos perdidos na imensidão da página branca dos meus dias.