domingo, 4 de fevereiro de 2018


O vento corre nas ruas e despenteia uma rapariga que deve ter passado horas a domar o cabelo rebelde para agradar a quem ama em segredo.
Os carros voam por cima da estrada enquanto a noite chega devagar.
A minha cidade fica azul. O piano nos meus ouvidos ainda dança, as minhas ancas roçam na pressa das pessoas que passam por mim a correr. O jovem e o seu ramo de flores, bonito mas triste. A mãe e os pequenos.
O museu vai fechar as portas e os últimos curiosos invadem os passeios, os olhos carregados das cores da vida junto ao rio de águas negras.
O mundo passa e eu paro. Cheiro as pessoas que se cruzam comigo sem olhar para mim. O ar frio entra-me no corpo. A rua ficou vazia.
Saboreio o vento e sonho acordada. Danço e deixo-me levar pela ligeireza. Provoco-a. Antes de cair. É evidente. Danço antes da queda.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018



Às vezes, durante um milésimo de segundo, tenho esta sensação insolente em que tudo é possível, que podemos mudar a corrente da vida e que cada um de nós é a força que define a forma como vivemos, as regras, as leis e os tabus. 
Inconsciência efémera?