Pergunto-me se ainda vais fumar o teu cigarro para a varanda depois de foderes. Se o teu apartamento tem varanda, se fodes com portuguesas para enganar a saudade. Se me procuras no fundo de cada copo de vinho, tinto, a puxar pelo cigarro. Pelo sexo. Como se diz orgasmo em francês?

Joanadoscaracóis (Tumblr)

 As maiores lutas vivem-se de noite.

Por mim e contra mim própria.

O tempo passa e sinto que perco-lhe o jeito. 

E então seguro-me à linha invisível que me liga a ele, na esperança louca que em algum lugar o universo possa ser mais gentil comigo.

Vivo todos os dias na sombra do que poderia ser mas não é. 

Sou uma mulher que traz na epiderme o amor que sente por um homem que chega e que parte.

Porque o que eu queria dele, era que viesse livre e que a minha cama não fosse mais um lugar frio onde pudesse finalmente descansar.

Os olhos fechados, o barulho na rua e o ronronar dos gatos. Os planos e as surpresas ficaram na gaveta. Tinha repetido tantas vezes para não ficar entusiasmada.

Tento focar-me nos pequenos momentos que me fizeram feliz e esquecer o resto.

Ainda sinto o sabor e o cheiro da pele que tanto amo.

Os toques são sorriso e os arrepios, abandono. 

Enrolei as minhas pernas e os meus braços à volta do teu corpo como um íman. 

Colada em ti.

E o suor, e o cheiro a sexo. 

A minha pele na tua e o silêncio carregado de gemidos e de gritos. 

Como a onda cobre a areia.

Os sexos encaixados e o olhar que acompanha cada movimento. e durante umas horas, os gestos, o prazer, a felicidade, o coração, o silêncio e os nossos corpos. 

Sexo mais do que perfeito.

"Corpos gémeos".

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Se o amor é uma questão de corpo, há que conhecer intimamente esta ferramenta - por outras palavras, ler os anatomistas e não os poetas, frequentar as clínicas e não os teatros.

Miklos Szentkuthy

 Nunca gostou de ver a porta fechada. 

De noite, abria-a um pouco, o suficiente para deixar a luz entrar. 

A luz. O ruído abafado. As palavras sussurradas. 

Fechar a porta é ficar longe. Sozinha. Nem que seja apenas por uma noite. 

 E então deixa uma brecha de luz. É uma possibilidade. 

E nessa brecha coloca todos os pensamentos, as memórias, os desejos e as contradições. 

Tem tanto medo que a porta fique fechada. 

 Quando duvidas.

Quando cais.

Quando amas.

É estranho como me revejo nela.

Os gestos, uma expressão, a mala no ombro, o olhar inquieto e tranquilo ao mesmo tempo. A forma que ela tem de caminhar lentamente e olhar para todo o lado.

Aqui o sol brilha. O tempo muda, lentamente mas indubitavelmente. É impossível fugir. 

Não obstante a música, o céu ou o vento.

O inverno voltará, é a minha única certeza.