terça-feira, 18 de abril de 2023






A tua boca. A tua boca.

Oh, também a tua boca.

Um túnel para a minha noite.

Um poço para a minha sede.



Os fios dormentes de água

que a tua língua solta num grito cor-de-rosa

e a minha língua sorve e canta

e os meus dentes mordem derramando a seiva

da tua primavera sem palavras

o poema inquieto e livre que a tua boca oferece

à minha boca.



As loucas bebedeiras de ternura

por essa viagem até ao sangue.

Os beijos como fogueiras.

As línguas como rosas.



Oh, a tua boca para a minha boca.

Joaquim Pessoa