quinta-feira, 24 de março de 2022

Conto as horas, escondo- me atrás de uma barricada.
Vivo em apneia, divirto-me, escrevo para manter a distância de tudo o que não posso controlar, de tudo o que não depende de mim.
Evito as emoções. Elas podem viver inteiras fora de mim.
E quem sabe um dia, possa estar cheia de novo.

sábado, 19 de março de 2022

sexta-feira, 18 de março de 2022

O monte de folhas e o vento que as leva.
Perco-me no dia que começa. 
Espreito a luz e o barulho.
Navego no azul, sinto a primavera, as almas e o barulho das coisas.
E os meus olhos que olham para cima. 
Para a luz e para o calor dos abraços.


quinta-feira, 17 de março de 2022

É como andar na corda bamba

Sem paraquedas

Muda e fugitiva 

O céu sabe sempre melhor 

O que fazer com a madrugada 

O amor diz-se ao contrário

E os ramos procuram a primavera 

terça-feira, 15 de março de 2022



Há um motivo para eu ter dito que seria feliz sozinha. Não foi por pensar que seria feliz sozinha. Foi por pensar que, se amasse alguém e isso corresse mal, podia não aguentar.É mais fácil estar sozinha.
E se aprendemos que precisamos de amor e depois não o temos? E se gostamos disso? E nos apoiamos nisso? E se construirmos a nossa vida em torno disso e depois tudo se desmoronar? Conseguimos sobreviver a esse tipo de dor? Perder o amor é como uma lesão num órgão. É como morrer. A única diferença é que a morte termina. Isto? Isto pode durar para sempre.

( Meredith Grey - Anatomia de Grey)



Ontem ainda rias a caminho da escola

Ontem ainda esperavas nas esplanadas dos cafés

E então o teu mundo desabou

E o medo instalou-se

O pior aconteceu

Hoje as bombas destroem o teu país

Sonhas com um amanhã cheio de paz

A ouvir os risos das crianças a caminho das escolas

sexta-feira, 11 de março de 2022

Volto sempre às palavras. É um sentimento estranho, uma necessidade, uma evidência...
Não apenas para contar mas para lembrar. Não deixar escapar o instante.
O que é imposto e o que vai embora, se não estiver atenta.
Porque as palavras chegam. Exigem e acumulam-se.
E então ouvir. E então escrever. 
Sempre.
Escrever uma sensação, uma luz, um objeto, um cheiro. Uma cara ou um gesto. A vontade, um momento, uma ausência. E o resto.
Escrever para aliviar uma ferida. Para o ar entrar.
E no fim o cansaço.



segunda-feira, 7 de março de 2022

Há sempre muita coisa numa cama. Muitas emoções, uma vida inteira. Os lençóis são saudade ou culpa. Guerra ou rotina. Sem no entanto apagar o desejo, estes convidados indesejados enchem o ar de partículas contraditórias, perturbações e tempestades. 
Onde estão os sorrisos de outros tempos?




 

domingo, 6 de março de 2022

Procuro outra fórmula de futuro que possa evitar mais ruinas. 
Voltar ao básico. Viver o que é e não querer o que nunca será. 
Regressar ao ponto de partida. 

sexta-feira, 4 de março de 2022

É familiar o barulho ensurdecedor de ondas mais altas que a nossa existência e das quais não sabemos sair.