quinta-feira, 21 de junho de 2018



Sandra Pozun

A casa cheira a madeira húmida como a lembrança do chão velho e abandonado.
No fundo das escadas uma cabeça de leão. 
Uma sensação familiar, trinta anos depois quando desço os degraus.
As pedras velhas afastam o calor. 
Os lençóis de algodão frescos na pele. 
Tenho dez anos e depois quarenta. 
O prazer mudou desde as primeiras emoções.
A estrada e os caminhos atravessados, as evasões. 
Sentes o sal junto ao pescoço e uma madeixa de cabelo húmido 
que dois dedos afastam da tua cara.
Ao fundo o céu cinzento, o corpo amado e a fome que nasce.
Há que sentir a vida e provar a pele.

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