segunda-feira, 8 de janeiro de 2018


Se partires, não me abraces – a falésia que se encosta
uma vez ao ombro do mar quer ser barco para sempre
e sonha com viagens na pele salgada das ondas.

Quando me abraças, pulsa nas minhas veias a convulsão
das marés e uma canção desprende-se da espiral dos búzios;
mas o meu sorriso tem o tamanho do medo de te perder,
porque o ar que respiras junto de mim é como um vento
a corrigir a rota do navio. Se partires, não me abraces -

o teu perfume preso à minha roupa é um lento veneno
nos dias sem ninguém – longe de ti, o corpo não faz
senão enumerar as próprias feridas ( como a falésia conta
as embarcações perdidas nos gritos do mar) ; e o rosto
espia os espelhos à espera de que a dor desapareça.

Se me abraçares, não partas.

Maria do Rosário Pedreira

6 comentários:

  1. Olá JI, deixo-te um abraço, porque um abraço é sempre um céu:)

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    1. e tantas vezes que um abraço é uma casa :)
      Abraço retribuído Legionário.

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  2. ...é uma luta interior que não dá tréguas.
    Força, JI

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  3. que bonito. texto e imagem.
    esta Senhora escreve tão bem!

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