sexta-feira, 19 de janeiro de 2018




Há pessoas que vivem com uma ferida, uma partilha impossível de vida. Como se seduzidas quisessem pertencer e quando pertencem perdem a essência do que são.
A mais velha casou para poder sair de casa. Teve cinco filhos. Esteve casada até à morte, quase sessenta anos. É bonito? Depende. Passou os últimos anos da vida a dizer ao marido que ele a tinha impedido de viver e de ser feliz. 
A mais frágil tentou ser a melhor das mães, uma esposa devota que enterrou os sonhos numa cama sem cores.
A mais bonita encontrou um equilíbrio no tempo. Depois de um primeiro casamento feito de grades, experimentou o caminho da solidão. Às vezes desconfortável e ao mesmo tempo cheio de aventuras fantásticas e de encontros efémeros. O tempo passou, o descanso chegou. Encontrou um homem parecido com ela, mais novo, mais louco. Casaram. Estão juntos até hoje.
Ela? Ela tentou seguir o caminho que mais lhe agradava. Tentou a suavidade ordinária e perdeu. Continua a procurar a paz sem nunca a saborear e o amor sem nunca o cultivar.




4 comentários:

  1. Há quem plante.
    Há quem colha.
    Numa disjunção, ora inclusiva, ora fingindo ser exclusiva, que as disjunções têm desses pormenores diferenciadores.
    A vida também, Janela Indiscreta.

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    1. Há quem faça da vida uma procura constante de felicidade sem nunca saber bem de onde a encontrar :)

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  2. Acomodação é o caminho mais curto para o fracasso e a insatisfação.

    Bom fim-de-semana, JI:)

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    1. Acomodar é fácil Legionário. Mas vivemos numa sociedade em que a felicidade e a satisfação são de um egoismo cada vez maior.
      Boa semana agora :)

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