quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
E assim acaba mais um ano.
Termina com um pensamento doce para cada pessoa que ofereceu aos meus dias um pouco mais de beleza.
Termino o ano de pé, determinada, grata, emocionada e orgulhosa.
Orgulhosa pelos desafios superados.
Orgulhosa dos encontros e da audácia.
Nem tudo foi cor de rosa, aliás por trás do espelho há pedaços de vidro à espera de serem apanhados. Sei a raiva obscura e os colapsos silenciosos.
Mas sei também as amizades, aprender a valorizar-me, gostar de mim. Sei as minhas prioridades e alguns projetos para o próximo ano.
E as pequenas alegrias que ainda quero colecionar e saborear. O silêncio da manhã, os jantares barulhentos e a estrada que quero percorrer.
Momentos cheios da vida doce, complexa, fascinante, séria e intoxicante.
domingo, 13 de dezembro de 2020
sábado, 12 de dezembro de 2020
Talvez um dia escreva uma carta. Uma longa carta, onde tudo será dito.
O que não se conta a ninguém para não incomodar as horas.
Mas estou bem, desenho na minha cabeça a gota de água no tempo, as fissuras que escondem a beleza.
Os pássaros cantam cedo de manhã.
Chove há já vários dias, mas mais logo irei dar a minha caminhada.
Esse momento é sempre precioso para o meu espírito e para o meu corpo.
Aqui também o mundo gira de uma forma estranha.
A desconfiança ganha terreno e há cada vez menos sorrisos.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Adoro a hora azul, o último instante antes da noite.
As ruas ficam vazias, as janelas ficam cobertas da humidade e as cortinas fecham-se.
Adivinhamos os trabalhos de casa, o barulho das panelas, o último café ou o álcool que aquece o frio.
Oiço algumas notas de um piano e de um saxofone.
Desacelero na ponte de pedra. Gosto do barulho surdo da água.
E de repente o silêncio da noite.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2020
o amor é uma luz
a correr de noite pelo nevoeiro
o amor é uma carica de cerveja
pisada a caminho
da casa de banho
o amor é a chave de casa perdida
quando estás bêbado
o amor é o que acontece
uma vez a cada dez anos
o amor é um gato esmagado
o amor é o velho ardina
na esquina
que já desistiu
o amor é o que tu pensas que a outra
pessoa destruiu
o amor é o que desapareceu
na época dos vasos de guerra
o amor é o telefone a tocar
a mesma voz ou outra voz
mas nunca a voz
certa
o amor é traição
o amor é a incineração
de vagabundos num beco
o amor é ferro
o amor é a barata
o amor é a caixa de correio
o amor é a chuva no telhado
de um velho hotel
em Los Angeles
o amor é o meu pai num caixão
(o teu pai que te odiava)
o amor é um cavalo com uma pata
partida
a tentar levantar-se
perante uma assistência
de 45 000 pessoas
o amor é o modo como fervemos
como a lagosta
o amor é tudo aquilo que dissemos
que não era
o amor é a pulga que não consegues
encontrar
e o amor é uma melga
o amor são 50 granadeiros
o amor é uma arrastadeira
vazia
o amor é um banco de bar vazio
o amor é um filme do desastre de Hindenburg
a encarquilhar aos pedaços
um momento que ainda grita
o amor é Dostoiévski diante
da roleta
o amor é o que rasteja
pelo chão
o amor é a tua mulher a dançar
nos braços de um estranho
o amor é uma velha
a roubar um pedaço de
pão
e o amor é uma palavra
usada demasiadas vezes e
demasiado
cedo.
charles bukowsky - os cães ladram facas
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