terça-feira, 8 de junho de 2021




Aguardo-te

como o barro espera a mão.

Com a mesma saudade
que a semente sente do chão.

O tempo perde a fonte
e a manhã
nasce tão exausta
que a luz chega apenas pela noite.

O relógio tomba
E o ponteiro se crava
No centro do meu peito


Fui morto pelo tempo
No dia em que te esperei.


Mia Couto

2 comentários:

  1. JI,
    este poema é delicioso!

    Por vezes as lembranças moldam-nos a seguir.
    Um xi apertadinho

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    1. As lembranças, as vivências, as experiências. Somos moldados todos os dias :)
      Beijos linda

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