terça-feira, 26 de junho de 2018



Doce
Selvagem
E às vezes trapalhona
Oiço o que escapa sempre do silêncio
Oiço a esquiva fragilidade 
Da tua ausência

segunda-feira, 25 de junho de 2018



Não há nada pior do que a dor provocada pelo silêncio. 
Sentimo-nos incompetentes e insuficientes.
Não há tecido que chegue para secar as lágrimas. 
Ficamos sentados durante horas a olhar para o vazio na esperança 
que o coração consiga recuperar de uma morte anunciada.

quinta-feira, 21 de junho de 2018



Sandra Pozun

A casa cheira a madeira húmida como a lembrança do chão velho e abandonado.
No fundo das escadas uma cabeça de leão. 
Uma sensação familiar, trinta anos depois quando desço os degraus.
As pedras velhas afastam o calor. 
Os lençóis de algodão frescos na pele. 
Tenho dez anos e depois quarenta. 
O prazer mudou desde as primeiras emoções.
A estrada e os caminhos atravessados, as evasões. 
Sentes o sal junto ao pescoço e uma madeixa de cabelo húmido 
que dois dedos afastam da tua cara.
Ao fundo o céu cinzento, o corpo amado e a fome que nasce.
Há que sentir a vida e provar a pele.

segunda-feira, 11 de junho de 2018


Há lugares escuros onde gosto de descansar.
Lugares escuros onde a minha fantasia cresce.
Lugares escuros que acolhem a minha luz. 
Lugares escuros iluminados pela lua.
Sempre adorei caminhar entre as falhas.
Ficar presa nas fendas e tocar as fissuras.
Há lugares escuros onde fico calma mas onde também se reflete 
a necessidade da queda e do abismo.

quarta-feira, 6 de junho de 2018


Robert Moses Joyce


Esvaziar, separar as coisas que acumulam, que estorvam e que estagnam. Dar lugar a outras e procurar o ligeiro. Ponho tudo o que já não é necessário dentro de sacos e vou para a rua. Caminho e deixo os sacos à beira da estrada. Deixo tudo o que devo esquecer para que haja mais espaço, mais liberdade. Deixo tudo e não olho para trás, não vá ficar tentada e recuperar uma ou duas coisas.

_____

O que é preciso para chegar ao teu coração?
Conseguir fazer-me sorrir de novo