Amar é abrir a porta da vulnerabilidade e da dor. 

Será necessário dizer a mágoa do silêncio? 

Tantas palavras foram ditas e no entanto ainda tenho tanto para dizer.

Dizer que dei tudo e daria tudo se as circunstâncias fossem outras. 

Mas nada disso interessa se não faço parte das prioridades. 

Dizes a frustração. A mesma frustração que sinto há anos. 

Aperto a ilusão junto ao peito e o silêncio está cheio de interrogações.

As palavras atropelam-se, organizam-se, procuram a fórmula certa. 

A frase certa que pode apagar tudo o que se quer esquecer. 

Sempre acreditei na força das palavras e do diálogo. 

Na maioria dos dias é fácil levantar a cabeça, nem que seja para não mostrar a dor, a fraqueza. 

O orgulho é um adversário cruel.

A certa altura da vida começamos a aprender

a esperar o tempo. A certa altura da vida o que

nos mata não são as horas. O que nos mata são

as palavras e a ausência de palavras.

Baptista Bastos

 

A precisar desesperadamente de conseguir manter-me de pé

imagem_ http://www.asnovenomeublog.com/

Procurar no lugar mais fundo os tesouros escondidos. 

Encontrar as viagens e as paisagens que podem ajudar.

Ter a capacidade de interpretar tudo o que a vida constrói para desafiar. 

Ser heroína na própria estória é a chave do sucesso. 

As tempestades acabam sempre por parar. 

E então levantar a cabeça e organizar os peões no tabuleiro.  

Nada é fácil. E nada é rápido. 

Mas o universo tem uma forma estranha de mostrar o caminho.

 Nunca foi fácil perceber que somos e seremos sempre uma segunda opção

E por vezes as noites duram meses

E por vezes os meses oceanos

E por vezes os braços que apertamos

Nunca mais são os mesmos e por vezes

Encontramos de nós em poucos meses

O que a noite nos fez em muitos anos

E por vezes fingimos que lembramos

E por vezes lembramos que por vezes

Ao tomarmos o gosto aos oceanos

Só o sarro das noites não dos meses

Lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos

E por vezes por vezes ah por vezes

Num segundo se enrolam tantos anos

David Mourão-Ferreira

Podemos simplesmente amar? Com o sorriso e com a carne? 

Com palavras sujas e beijos suaves.

Simplesmente amar.

Imagino a loucura, o impossível. Em frente ao espelho. Danço, rio. Faço de conta.

A felicidade nunca é tão grande como nos bastidores. No lugar onde todos os destinos são possíveis. Desenhar o futuro. Antecipar a tormenta. Manter o equilíbrio e saber a espuma dos  dias na ressaca de uma estória desejada.