terça-feira, 9 de janeiro de 2018



Wolfgang Suschitzky , Charing Cross Road, London 1935



Havia um pequeno café que servia cerveja independentemente da idade. Lembro-me da fachada, verde e do meu vestido preto. A intoxicação leve, os risos, a vida incrível. 17 anos acabados de fazer e estava apaixonada. Ao fim da noite quis beijar-me. Foi a única vez, penso eu, em que recusei um beijo.
A semana passada cruzei-me com aquele homem. 23 anos depois. Voltaram as lembranças, os sobressaltos, os caminhos feitos de paralelos imperfeitos, as linhas curvas que se cruzam como os corpos incompatíveis e os perfumes inesquecíveis.
O pensamento podia ter voado para os piores momentos, para os erros da juventude e para os arrependimentos. Mas não. Naquele instante houve apenas surpresa. Reconhecer uma voz depois de mil anos. Cruzar o olhar. Sorrir e continuar a andar pela rua fora, deixando a história para trás. Um suspiro e a vida recomeça, com um suave toque a nostalgia.


4 comentários:

  1. ...cada vez mais acredito que nada é ao acaso. Faz[nos] bem estas lembranças depois de tantos anos.

    Dia bom para Ti, JI ;)

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    1. Se nada é ao acaso andamos aqui a martirizar-nos com escolhas que no fundo não somos nós a fazer? :D
      Foi meio estranho voltar a vê-lo :)
      Beijos doces

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  2. ...uma estranheza que poderá ser boa[risos]

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