quarta-feira, 31 de janeiro de 2018


Escrevo o mundo e conto a vida. Digo as palavras e não quero o medo. Às vezes calo-me e procuro a pele que me faz falta, o amor e o silêncio. Não quero afogar o mundo com as minhas lágrimas. Depois das pequenas mentiras e de alguns arranjos com a realidade, ligo o carro e vou para casa. Gostava de ter umas horas doces que pudessem apagar os problemas e as dificuldades. Nem sempre é fácil andar o dia todo de cabeça erguida. Sinto os músculos da nuca doridos e tensos.
Depois vem o vazio. Há um cansaço no meu olhar como se a esperança tivesse feito greve.
E então entro em casa, o corpo cansado  e a alma frágil. A casa é silêncio que espera por mim. E hoje mais do que nunca precisava dele. Posso chorar e gritar. É o meu único luxo. Mas também posso aguentar e ser forte. É a minha liberdade. 


11 comentários:

  1. ...chora tudo, porque um dia elas vão secar. Sentirás uma liberdade tão leve...
    Dia bom e solarengo, JI

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  2. Tenho medo que depois de secar tudo fique demasiado frio e já não consiga chorar nunca mais ...
    Um beijo doce goti

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  3. Fizeste-me recordar o al berto: "escrevo com um único fim. salvar o dia.". E, atenção, chorar e gritar não é um luxo. É um direito humano. ;)

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  4. Acho que já esgotei a quota desse direito :P

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  5. Um dos meus atores favoritos... :-)

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  6. Sabes, JI, acho que só quando a esperança nos liberta o olhar é que finalmente conseguimos ver a lúcida e crua realidade, só aí a enfrentamos de verdade a verdade, sem placebos nem ângulos mortos. Só aí começa a verdadeira sobrevivência. E a cura, se houver.

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    1. Não sei se é a esperança que nos liberta o olhar ou se é perceber finalmente que nunca fomos importantes o suficiente. Pensei durante algum tempo não ser suficientemente forte para conseguir encontrar uma saída do buraco emocional para onde caí. Não sei se haverá cura para o amor que sinto. Não sei mesmo.

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    2. Sim, o que dizes é verdade, mas a mim parece-me que ocorrem simultaneamente: o perdermos a esperança é o vermos que nunca fomos importantes o suficiente. Não sei qual é a causa e qual é o efeito. Acho que se misturam. É quando começamos a ver as coisas como realmente são e nós parecia que não víamos...
      Agora cura, acho que um amor só se cura quando sobre as suas memórias já pousadas e frias, surge inesperado outro amor. Por isso não sei se há cura, pode haver, pode não haver, pode surgir ou pode nunca aparecer... a vida é um caos, é o que é ;))
      Bom dia, JI

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    3. Ainda me baralhas mais :p
      Tenho dias bons e dias menos bons. Não sei se alguma vez vai aparecer outro amor. Tenho 40 anos e amei dois homens. Não sou boa da cabeça e com a idade isto não vai melhorar. :D
      Vou esperar para ver o que a vida me reserva :)

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